- Não despedir-se em estado de desagravo ou entrevero.
- Fazer com que o tempo junto, que se tornará mais escasso, se intensifique e seja de melhor qualidade experiencial.
- Não usar todo o tempo do reencontro para discutir os problemas derivados da distância.
- Considerar que a intimidade é um forte indutor e condicionante do sexo, mas também que o sexo é um potente indutor e condicionante da intimidade.
Há muitos casais atualmente, principalmente quando trata-se do segundo ou terceiro casamento, que optam por não morarem juntos. O conflito se dá quando um deles têm essa necessidade e o outro não. Esta será sempre uma negociação difícil. Cada um tem graus e momentos específicos de “suportabilidade do outro”. Outra pessoa é sempre outra vida dentro da nossa e isso representa confusão.
Há vários motivos para desejar a vida em separado, alguns melhores que outros. Quando se trata apenas de preservar a funcionalidade e a ordem que se construiu para si, tendo a desconfiar que haverá um preço elevado em dividir os “espaços”. Com diz o filósofo esloveno Slavoj Zizek, podemos optar pelo chocolate sem gordura, podemos inventar o chocolate sem açúcar, podemos até preferir o chocolate sem cacau e com uma forma de produção menos industrializada e mais orgânica. Imaginemos um chocolate feito de brócolis e pepino processado. Bom, em algum momento temos que considerar que vamos cruzar a linha que separa o que é um chocolate de alguma outra coisa. Devemos aceitar que o que gostamos no chocolate é precisamente o seu coeficiente “obsceno” de gordura e açúcar.
Café sem cafeína, guerra sem baixas, paixão sem risco podem ser ilusões que criamos para imaginar uma vida sem perdas, feita de acordos ganha-ganha, permanentemente.
Relacionamento sem intimidade, sem mistura, com espaços e territórios totalmente definidos, com regras e contratos bem feitos e com projetos reduzidos a objetivos não é bem um relacionamento, é a administração compartilhada de um condomínio.
Por outro lado, há pessoas que vivem em casas separadas e se veem menos do que outros, mas têm relações absolutamente intensas e qualitativamente ricas. Mas isso em geral significa que a distância e a renúncia ao território comum não estão baseadas em táticas de defesa contra o Outro e sua irredutível intrusividade de gostos, de costumes e de diferenças, em suma, sua “estrangeiridade” que … no começo, nos fez amá-lo.